terça-feira, 12 de junho de 2007

La Question

Françoise Hardy é algo quase indescritível. Bastam alguns acordes de sua música para ficar completamente envolvido. Sua voz cálida, sussurrada e cheia de languidez são irresistíveis.

Sua música é sonhadora, nefelibata e suave, além de possuir um detalhe marcante: as letras estão na língua de Balzac, um fato que torna o conjunto ainda mais atraente.

La Question é sem dúvida um de seus melhores trabalhos, além de ser um dos preferidos da cantora. Há um tempo atrás, após ouvir a música título desse disco senti que havia descoberto um belo tesouro, e só agora pude ouvir essa bela canção em seu contexto original.

O álbum lançado em 1971, foi co-produzido pela brasileira Tuca, que teve destaque por aqui na época dos festivais. Tuca também trabalhou com a ex-mutante Rita Lee.

Um trabalho de estrutura regular e com composições oníricas ao som de violões e orquestração suave e etérea, que vão construindo de forma bastante eficaz um confortável colchão sonoro para acalentar a bela voz de Hardy.

Não há como resistir ao chamado de Vien música que abre o disco com belíssima introdução de cordas. Logo em seguida, surge uma canção, na verdade uma questão para se decifrar: La Question. Canção que Françoise pediu a Tuca para lhe acompanhar apenas no violão, o que de certa forma moldou a música com certos ares de bossa.

Por aqui a canção foi sucesso instantâneo, entrando inclusive na trilha internacional da novela Selva de Pedra.

Abaixo há uma tentativa, assim meio pálida, de mostrar a beleza dos versos de La Question. (obrigado prof. Jamacy.).
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A Pergunta

Eu não sei quem tu és
Eu não sei o que tu esperas
Eu procuro sempre te conhecer 
E teu silêncio perturba meu silêncio

Eu não sei de onde vem a mentira
Será de tua voz que se cala?
Os mundos nos quais eu mergulho 
contra minha vontade
São como um túnel que me apavora

E na distância que há entre nós
Nos perdermos quase sempre
E tentar te compreender
É correr atrás do vento

Eu não sei por que permaneço
Nesse mar que me afoga
E nessa atmosfera que me sufoca

Tu és o sangue de minha ferida
Tu és o fogo que arde em mim
Tu és minha pergunta sem resposta
Meu grito mudo
E meu silêncio

Revisão em 15/10/2014.