sábado, 31 de julho de 2010

Momento "Chiaroscuro"

Foi o mestre renascentista Leonardo da Vinci que criou a técnica, mas foi outro mestre que a alçou ao extremo, gerando o "espírito barroco" e a escola  italiana que seria conhecida como "Tenebrismo". Um dos rebentos do gênio Michelangelo Merisi da Caravaggio.


"É impossível conhecê-lo e não amá-lo, amá-lo e não segui-lo."

Creio que a frase acima, que achei num certo local da Epitácio Pessoa, é mais adequada a essa pintura. A imagem que foi originalmente utilizada naquela faixada é muito barroca.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Confabulando o fabular, Vol.7

Esse Vol. 7 do confabulando o fabular vai para o primo Celobar, que indagou sobre presença constante das raposas nas fábulas. Acho que essa conversinha abaixo esclarece um pouco a questão.

A Raposa e a Pantera

-Veja dizia a pantera -, o brilho cambiante de minha pele.
-Entre nós, raposas, não é o corpo que brilha, mas a inteligência. 

Faroleando o fabular:

Essa "pabulosa" pantera  sim, é que merece um tapa!



O wallpaper acima pertence ao site imotion.com.br. É só dar uma tap... quer dizer, clicar nele para baixar. 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

1001 momentos das 1001 noites - vol. IV

Além de todas as preciosas notas, o tradutor da nova edição das 1001 noites, o professor Mamede Mustafa Jarouche nos presenteou com ótimos anexos que incluem entre outros, uma versão diferente do "Prólogo Moldura", que narra as desventuras do Rei Šāhriyār (lê-se Charyar) e seu irmão mais novo. É nesse prólogo que Šahrāzād (lê-se Charázád) e sua irmã são apresentadas. Esse texto antecede a primeira das 1001 noites. É dessa versão do prólogo que consta nos anexos que se encontra o momento abaixo:        

No palácio do rei havia janelas que davam para o jardim de seu irmão; Šāh Zamān olhou por elas e viu que a porta do palácio se abrira, dela saindo vinte escravas e vinte escravos; a mulher de seu irmão caminhava entre eles, extremamente bela e formosa; chegaram até a fonte, despiram-se e se acomodaram uns junto com os outros; foi então que a mulher do rei Šāhriyār gritou: "Ó Mascūd!", e veio até ela um escravo negro que a abraçou, e ela a ele; derrubou-a ao solo e a possuiu, e assim fizeram os outros escravos com as escravas. Permaneceram em beijos, abraços, fornicações e tudo o mais até que o dia se findou.   


No próximo 1001 momentos, a versão desse mesmo momento no ramo sírio. É bem mais quente, cretina e detalhada!

A imagem acima é do site já citado no último post dos 1001 momentos.

domingo, 11 de julho de 2010

Confabulando o fabular, Vol.6

Quase que não sai a fábula da semana... 
Pelas Caridade :-O
Para compensar o atraso, encontrei umas animações em flash bem interessantes no uol, elas ilustram algumas fábulas atribuídas Esopo. A escolhida para esse post também foi recontada por La fontaine.

A cigarra e a formiga

Clique aqui para ver a animação

Encontrei uma versão de Bocage (que merece um post caprichado) para essa fábula no Wikipédia. Espero que seja de autoria dele mesmo. Se bem que li uma matéria falando que havia tantos erros na tradicional Encyclopedia Britannica que a tornava equivalente ao controverso site em precisão nas informações disponibilizadas. De qualquer forma é uma ótima adaptação.


A Cigarra e a Formiga

Tendo a cigarra em cantigas no inverno
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Até voltar o aceso estio.

- "Amiga", diz a cigarra,
- "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."

A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
- "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
- "Oh! bravo!", torna a formiga.
- "Cantavas? Pois dançe agora!"



Gustave Doré, autor da ilustração acima (La cigale et la fourmi) também merece um post bem generoso, foi autor de inúmeras gravuras baseadas em obras literárias, como as inesquecíveis imagens do inferno dantesco. Aqui nós temos uma leitura bem direta da fábula, onde os personagens foram humanizados, observem que a "cigarra" está se dirigindo às crianças e que a mãe "formiga" aparenta estar apreensiva. É o sedutor canto da cigarra.

Faroleando o fabular

Que formiga abuZada e amarrada, porque não fez um acordo com a cigarra? Já que ela era tão competente cantora, poderia tocar agradáveis canções em troca de comida. Afinal, nem só de pão vive o homem. Eita mundo mais miserável!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

1001 momentos das 1001 noites - vol. III

Para marcar o final da leitura do primeiro e soberbo volume do Livro das Mil e uma Noites, um momento bem divertido e picante da narrativa que conta a estória d'O Carregador e as Três Jovens de Bagdá:
Eu tive notícia de que a jovem porteira mergulhou na água, boiou, banhou-se, brincou, bateu os pés como pato, pôs água na boca e espirrou nos outros, lavou sob os seios, lavou a entreperna, bem como o interior do umbigo, e saiu rapidamente da piscina, naquele estado, sentando-se então no colo do carregador, a quem perguntou: "Meu senhor, meu querido, o que é isso?" - Enquanto colocava a mão na vagina - " o que é isso?". O Carregador respondeu: "seu útero". Ela disse: "Nossa! Não tem vergonha?", e lhe deu pancadas no cangote. Ele disse: "sua greta", e então foi a outra que gritou, beliscou-o e disse "Ih que coisa mais feia!". Ele disse: "sua boceta", e ai foi a terceira que lhe esmurrou o peito, derrubando-o, e disse: "Xi, tenha vergonha!". Ele disse: "Seu clitóris", e a que estava nua aplicou-lhe uns tapas e disse: "Não!". Ele disse: "Sua vagina, sua chavasca, sua xereca", enquanto ela dizia: "não, não".

A bela ilustração acima é de Jiri Trnka, para uma edição norte-americana de 1960 das 1001 noites. Essa, além de outras imagens para essa edição podem ser encontradas nesse site 

O trecho usado nesse post foi traduzido por Mamede Mustafa Jarouche direto do árabe para a edição em 03 volumes das 1001 noites, editada pela editora Globo. 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

60 itens sobre os anos 60

Quando escuto as pessoas conversarem sobre vidas passadas, eu logo imagino que se isso de fato existe, pelo menos uma dessas vidas eu vivi intensamente nos anos 60. Sempre me identifiquei com as ideias, ideais e principalmente com a efervescência cultural.

É uma afinidade muito natural, sempre acontece de forma espontânea. Às vezes me pego vendo um filme ou ouvindo uma canção que nem foi produzida naquela época, mas guarda alguma referência ou tem aquele clima tão peculiar, como é o caso do "The Last Shadow Puppets", projeto alternativo de Alex Turner, vocalista do Arctic Monkeys, que me pegou logo na primeira audição, quer dizer, logo que vi o maravilhoso clipe de "Standing Next to Me", totalmente inspirado nos programas de TV dos anos 60, que exibiam as bandas da época no que seriam os videoclipes de hoje. Impossível não lembrar dos Beatles em "A Hard Day's Night", com aqueles terninhos e calças de cano curto além daquelas botas com bico fino. Adicione aquelas garotas vestindo tubinhos e fazendo aquela dança mexendo com os braços, as câmeras gigantes, jogo de luzes como um eficiente recurso, tudo tão... tão 60's . Pois é,

Todo moderno:
Tem pelo menos um clássico por trás:
Mas além dessa citação "so Beatles", há uma regravação (lado B do single "My Mistakes Were Made for You") de uma dupla de muito sucesso naquela dédaca, Nancy Sinatra e Lee Hazzlewood, "Paris Summer". Quando ouvi, achei que era algo original, mas inspirado na dupla, como estava ouvindo bastante a Nancy na época em que descobri a banda (será coincidência?) acabei por descobrir que a dupla havia gravado aquela canção e o The Last... havia feito um competente cover. Só citando duas das inúmeras referências.
Sem dúvida os anos 60 abriram definitivamente um admiravel mundo novo de sons, cores, imagens e ideias que ainda reverberam na mais diversas formas possíveis. Com esse post, dou início a uma nova proposta para o Farol e espero compartilhar nesses 60 "itens" que virão, um pouco da minha paixão por essa tão amada e recorrente década. Aproveitando que há alguns dias atrás terminei de ver todas as temporadas da série "I dream of Jeannie" que ficou conhecida por aqui como "Jeannie é um gênio", iniciarei os posts dessa nova proposta com a Jeannie, o Major Nelson e toda a turminha.

A trilha sonora para composição desse post:
  • Nancy & Lee (1968)
  • Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim (1967)
  • Dusty in Memphis [Especial Edition] (1969)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Confabulando o fabular, Vol.5


Jean de La Fontaine (1621-1695) tinha formação em Direito e Teologia, mas sua verdadeira paixão sempre foi a literatura. Apesar de ser mais conhecido como fabulista, também escreveu versos e publicou um romance: Os Amores de Psique e Cupido. Mesmo sem conhecer esse romance, o título me remeteu ao belo mito de Psique e Cupido, que pode ser lido no link do ótimo site Olimpo e Tróia que está na imagem abaixo:

Apesar de não trazer temas novos, suas fábulas requintavam com típica ironia e humor (recorrentes nas letras francesas de seu tempo) as fábulas atribuídas a Esopo e mais tarde lapidadas por Fedro, ambos já comentados por aqui. La Fontaine fazia parte da fabulosa corte do rei Luis XIV. Foi contemporâneo de Molière, Racine e Boileau, com quem formou o "Quarteto da Rue du Vieux Colombier". (Que nome pomposo!)Em sua primeira coletânea de fábulas escreveu no prefácio:

"Sirvo-me de animais para instruir os homens."

Faleceu aos 73 anos, sendo considerado o "pai" da fábula moderna.

A Raposa e a Cegonha

A Raposa convidou a Cegonha para jantar e lhe serviu sopa em um prato raso.
-Você não está gostando de minha sopa? - Perguntou, enquanto a cegonha bicava o líquido sem sucesso.
- Como posso gostar? - A Cegonha respondeu. vendo a Raposa lamber a sopa que lhe pareceu deliciosa. Dias depois foi a vez da cegonha convidar a Raposa para comer na beira da Lagoa, serviu então a sopa num jarro largo embaixo e estreito em cima.
- Hummmm, deliciosa! - Exclamou a Cegonha, enfiando o comprido bico pelo gargalo - Você não acha?
A Raposa não achava nada nem podia achar, pois seu focinho não passava pelo gargalo estreito do jarro. Tentou mais uma ou duas vezes e se despediu de mau humor, achando que por algum motivo aquilo não era nada engraçado.
MORAL: às vezes recebemos na mesma moeda por tudo aquilo que fazemos.


Versão atribuída a Esopo:

A Raposa e a Cegonha

A raposa e a cegonha mantinham boas relações e pareciam ser amigas sinceras. Certo dia, a raposa convidou a cegonha para jantar e, por brincadeira, botou na mesa apenas um prato raso contendo um pouco de sopa. Para ela, foi tudo muito fácil, mas a cegonha pode apenas molhar a ponta do bico e saiu dali com muita fome.

- Sinto muito, disse a raposa, parece que você não gostou da sopa.
- Não pense nisso, respondeu a cegonha. Espero que, em retribuição a esta visita, você venha em breve jantar comigo.

No dia seguinte, a raposa foi pagar a visita. Quando sentaram à mesa, o que havia para o jantar estava contido num jarro alto, de pescoço comprido e boca estreita, no qual a raposa não podia introduzir o focinho. Tudo o que ela conseguiu foi lamber a parte externa do jarro.

- Não pedirei desculpas pelo jantar, disse a cegonha, assim você sente no próprio estômago o que senti ontem.

(Quem com ferro fere, com ferro será ferido)

Faroleando o fabular:
Quem nunca se sentiu cegonha, ou não encarnou uma raposa? Mesmo sem querer, pois "As piores desgraças são feitas com as melhores intenções" (O. Wilde)

Fontes:
CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "LA FONTAINE (1621-1695)" [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/autores/lafontaine/lafontaine.htm
Capturado em 1/7/2010

http://aguerradetroia.wordpress.com/2009/05/28/eros-cupido-e-psique/
http://www.pensador.info/frase/NTgzNzY/