domingo, 11 de julho de 2010

Confabulando o fabular, Vol.6

Quase que não sai a fábula da semana... 
Pelas Caridade :-O
Para compensar o atraso, encontrei umas animações em flash bem interessantes no uol, elas ilustram algumas fábulas atribuídas Esopo. A escolhida para esse post também foi recontada por La fontaine.

A cigarra e a formiga

Clique aqui para ver a animação

Encontrei uma versão de Bocage (que merece um post caprichado) para essa fábula no Wikipédia. Espero que seja de autoria dele mesmo. Se bem que li uma matéria falando que havia tantos erros na tradicional Encyclopedia Britannica que a tornava equivalente ao controverso site em precisão nas informações disponibilizadas. De qualquer forma é uma ótima adaptação.


A Cigarra e a Formiga

Tendo a cigarra em cantigas no inverno
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Até voltar o aceso estio.

- "Amiga", diz a cigarra,
- "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."

A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
- "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
- "Oh! bravo!", torna a formiga.
- "Cantavas? Pois dançe agora!"



Gustave Doré, autor da ilustração acima (La cigale et la fourmi) também merece um post bem generoso, foi autor de inúmeras gravuras baseadas em obras literárias, como as inesquecíveis imagens do inferno dantesco. Aqui nós temos uma leitura bem direta da fábula, onde os personagens foram humanizados, observem que a "cigarra" está se dirigindo às crianças e que a mãe "formiga" aparenta estar apreensiva. É o sedutor canto da cigarra.

Faroleando o fabular

Que formiga abuZada e amarrada, porque não fez um acordo com a cigarra? Já que ela era tão competente cantora, poderia tocar agradáveis canções em troca de comida. Afinal, nem só de pão vive o homem. Eita mundo mais miserável!

2 comentários:

Débora Aquino disse...

Esse post foi uma delícia de se ler, mas a tua conclusão fechou com chave de ouro.

Matheus Ariete disse...

Fábula clássica primo! A próposito... por que a figura da raposa é tão explorada nas fábulas de Esopo (acho que deve ter mais de 30 contos utilizando este animal). Será pela esperteza sorrateira? Abraços