sexta-feira, 4 de junho de 2010

Confabulando o fabular

As fábulas de Esopo forneceram inspiração para escritores como Fedro e La Fontaine, que chegou a escrever um texto biográfico sobre o narrador grego. Tu, meu caro leitor, poderá reconhecer essas fábulas nos mais diversos recônditos, como por exemplo, numa música do Reginaldo Rossi, como é o caso d' A Raposa e as Uvas.

Consta em seus parcos dados biográficos que foi um escravo libertado de aparência estranha (ele era corcunda) e que viveu no século VI a. C. Seu último senhor se chamava Xanto. Esopo era um grande mestre nos domínios da arte de narrar. As estórias que lhe são atribuídas modelaram as bases da fábula como gênero literário.
Nessas estorietas os protagonistas eram em sua maioria animais, mas homens e deuses também eram retratados em algumas das narrativas. O final das estórias sempre reserva um caráter moral, educativo.
É bom lembrar que essas narrativas fazem parte da tradição oral, ou seja, não foi Esopo que as reuniu e escreveu. Vou tentar postar pelo menos uma de suas fábulas por semana aqui no Farol. A dessa semana é:

O Morcego e as Doninhas*

Um morcego havia caído no chão.
Veio uma doninha e o capturou.
Já ia matá-lo quando o morcego implorou:
-Deixa-me viver.
-Impossível -respondeu a doninha-, pois sou inimiga de todos os pássaros desde que nasci
-Eu não sou um pássaro disse o outro.
E a Doninha o deixou ir embora.
Pouco depois o morcego caiu de novo e foi pego por outra doninha.
-Não me comas -suplicou
A doninha disse:
Detesto ratos.
O morcego falou:
-Não sou um rato, sou um morcego.
Mais uma vez conseguiu se salvar.
Assim, mudando duas vezes de nome, escapou da morte. A cada perigo, uma nova feição.

*Existem diversas versões dessa fábula por ai, optei pela ótima tradução de Antônio Carlos Viana
editada pela L&PM na versão pocket. Essas edições de bolso da L&PM são as melhores nesse segmento e podem ser encontradas em diversos pontos de venda, tais como bancas de jornal e supermercados.


Faroleando o fabular:
Me parece que as doninhas o que tem "fofinhas" tem de "burrinhas". Ou então, como bem observou o primo Ariete A.K.A. Celobar:
"Rapaz, quem é meio cego é o morcego, mas acho que nessa fábula ai, as doninhas é que não enxergam muito bem."

A doninha acima é da raça black-footed (nigripes do Mustela). A imagem está hospedada no site North American Mammals.

6 comentários:

Pampa =) disse...

É, cada perigo com seu jeito de não se "ferrar"... muito bom esse post, parabens, grande Jeff :D

Jefferson Cardoso disse...

É isso ai pampa! Vou tentar manter essa onda da fábula. É meu livro de cabeceira há tempos...

Débora Aquino disse...

Eu adoro ler e ouvir fábulas. Isso me lembra os tempos de escola. Obrigada Jeff.

Matheus Ariete disse...

Primo tua voz podia estar ruim ontem, mas teus escritos IMPOSSÍVEL. Parabéns pelo post e vamos torcer para que quando caírmos ao chão possamos enganar as doninhas também, pois elas são muito "ANARFA right in there"! :D

Unknown disse...

Ou a doninha era burra demais ou o morcego era tão esperto quanto "cego"... vai q a doninha era cega

Jefferson Cardoso disse...

Agradeço aos navegantes os comentários. Espero que as próximas fábulas também sejam apreciadas.
@br@ços!